Ansiedade e a Sociedade do Consumo: relação de causalidade?
- Fernando Angeli
- 29 de mar. de 2016
- 2 min de leitura

É sabido que a Depressão é uma das patologias que mais comumente é tratada e diagnosticada dentro de um consultório psicológico. Não só é de domínio público tal fato, como também o é a questão desta referida patologia ser associada a muitos indivíduos ansiosos. (Del Porto, 2009) corrobora tal fato em seu compêndio literário sobre tal doença, trazendo à tona o fato de que, em muitos casos, indivíduos com quadro de ansiedade de base, evoluem para um episódio depressivo, ou para um quadro clinicamente deprimido em algum momento de suas vidas.
Tomando tal premissa como norte à nossa reflexão é preciso que, para uma análise justa, consideremos as variáveis sob as quais esta ‘ansiedade’ está baseada. Sim, pois se há ansiedade, é imprescindível que entendamos que há sempre um objeto que a estimula.
Pensando em nossa forma atual de organização social, em que a tecnologia e as informações modificaram-se de modo definitivo, e estas cada vez mais incitam e difundem opiniões, tendências e o consumo em massa, verifica-se um espectro de ansiedade e desejo pelo porvir quando se pensa em um sentimento massificado e esgotado pelos veículos de comunicação.
(Goldman, 1970) traz a ideia de que os avanços coletados pela humanidade pós-revolução industrial, (com o agravante moderno da era digital) muito avançaram no aspecto mecanicista, contudo, regrediram de forma notória quando se pensa nas relações humanas e na qualidade de vida.
Não será o óbvio, percebermos que o modelo de organização social em que vivemos e difundimos, flerta constantemente com a insatisfação de nosso desejo? Ou até mesmo, que ele está compromissado com o anseio pelo amanhã, por algo novo ou alguma coisa que nós ainda teremos de nos apropriar e, ou, deter, dominar?
Em caso do leitor inclinar-se para uma resposta afirmativa, resta ainda buscar estabelecer a convergência quase que evidente, na ideia de que, este modo de viver e de dotar a realidade de sentido, favorece, com grande probabilidade, um sentimento de dúvida, de desamparo para com o futuro, que pode sim, em muitos casos, justificar um sentimento de ansiedade que desorganiza e descompensa o psiquismo do indivíduo.
Nossa tarefa não é criar, ou recriar verdades, tão pouco temos a pretensão de afirmar. O que vale a pena neste momento, e creio que é o objetivo deste texto é trazer a reflexão de que, muitas das coisas que nos deixam angustiados, inquietos ou até mesmo que nos conduzem a um “pensar” patológico, estão explicadas e originadas em nossa forma de viver, conduzir nossos planos, nossas metas e pela maneira que concebemos a razão de nossas existências. E o quanto nossa sociedade e a mídia, de maneira geral e abrangente, não estão incutidas neste resultado que, muitas vezes é a desorganização psíquica, o sofrimento e a própria e tão famigerada Depressão. Obrigado e até a próxima!
Referencias bibliográficas:
Goldman, S. - “A civilização do consumo em massa – entre a flor e o parafuso”. 2.a edição, Ed. Psicodinâmica das cores, Porto Alegre, 1970.
DEL PORTO, J. Alberto. – “Depression: 50 Frequently Asked Questions” – São Paulo, EPM – Editora de Projetos Médicos, 2009.
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