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A condição do paciente


O exercício da minha profissão é quase um sacerdócio, dizia meu pai que também era cirurgião dentista. Ele adorava a profissão, tanto que trabalhou até os 82 anos quando faleceu. Eu também gosto do meu trabalho, mas entendo o que ele queria dizer sobre “sacerdócio”.

É difícil o trabalho em si, não apenas porque tecnicamente exige muita dedicação, mas principalmente pela complicada relação entre o profissional e o paciente. Além do fato, dependendo da área de atuação na profissão, de você ter que ficar enclausurado no consultório. Mas lidar com as pessoas nesta condição de paciente é um desafio. É, sem dúvida, uma situação bem desconfortável para o paciente. Ele já chega tenso e, muitas vezes, com medo e dor. Ele aguarda na sala de espera, e o próximo passo é sentar-se na cadeira, abrir a boca, compartilhar a sua intimidade e depois se submeter aos procedimentos que o tratamento exige. Haja boa vontade para lidar bem com tudo isso. Para algumas pessoas é relativamente fácil, mas acredito que para a maioria é bem sofrido. E no final ainda é preciso pagar pelo trabalho com um dinheiro que não se esperava gastar desta maneira.

Por isso tudo a relação entre profissional e paciente é bastante delicada. Quando acontece uma empatia e uma confiança mútua, tudo vai bem. Mas quando isso não acontece é preciso exercitar a tolerância. Aí reside a possibilidade de sucesso e continuidade de qualquer relação, seja ela profissional, familiar, de amizade ou afetiva.

Cada um de nós vê, sente e interpreta o mundo à sua volta de uma maneira estritamente particular e única. Portanto, somos todos diferentes. Ninguém é melhor ou pior do que os outros, apenas diferente. Quando se entende isso bem profundamente tudo fica mais fácil.

Com alguns se desenvolve uma sintonia, com outros não. Por isso precisamos sempre ser tolerantes e levar a vida com leveza.

Abraço a todos.

Paulo Sartori


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