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Terapia Familiar


Pensando em Família, e nas suas mais diversas configurações, podemos observar um distanciamento da concepção nuclear burguesa, em que se tem o pátrio poder instituído, o papel feminino atribuído aos afazeres domésticos e os descendentes como perpetuação e continuação deste valor. Não cabe a nós emitir juízo de valor ou julgamento moral sobre tal fato, entretanto, sob o ponto de vista terapêutico é importante perceber que, tal distanciamento, tal modificação no paradigma familiar incorreu em algumas alterações significativas no tocante ao psiquismo e relacionamento intrafamiliar.

Segundo Gioielli (1992) a desestruturação familiar se dá a partir do instante em que os sujeitos compreendidos em um mesmo grupo familiar estão “desaprendendo” as regras de convivência. Cada vez mais as famílias buscam apoio, procurando soluções para seus conflitos.

O tratamento da família surgiu nos Estados Unidos na década de 50. A visão que se tinha dos problemas humanos se ampliou, pois passou a se observar o relacionamento da família e não só o que o indivíduo contava dela.

O reconhecimento de que distúrbios psiquiátricos são uma expressão familiar levou à idéia de que a terapia deveria ser revista. De um objeto de terapia (o indivíduo) passou-se a considerar a díade mãe e filho. Neste momento alguns artigos a este respeito foram publicados. O esquizofrênico deixou de ser uma unidade isolada, começou a ser sugerido que a psicose fosse decorrente da relação mãe e filho, e que este tipo de conduta era uma resposta do filho à mãe. Essa díade mãe e filho começou a parecer incompleta, então o pai foi incluído na unidade surgindo a tríade. A relação entre a mãe e o pai passou a ser considerada e a maneira como esta relação afeta o filho também.

Aos poucos a tríade (pai, mãe e filho) foi sendo ampliada, através da inclusão, no ato terapêutico, de irmãos e outros membros da família. Segundo Gioielli (1992), no final da década de 50 a proposta da terapia familiar era auxiliar nas mudanças na estrutura de uma família, mudando padrões de conduta, pois os sintomas de uma pessoa passaram a ser descritos como uma conduta de resposta à outra (s) pessoa (s).

As terapias familiares apareceram nos Estados Unidos, e tanto lá quanto na Europa surgiu uma variedade de escolas, e cada uma determina uma maneira de se trabalhar com famílias. Algumas falam que a família inteira deve ser atendida, outras preconizam que se trabalhe de forma sistêmica com apenas um de seus membros. Umas rejeitam a psicanálise já outras a reivindicam.

Gioielli (1992) afirma que dentro de um tratamento familiar deve-se pensar “[...] num conjunto de elementos interdependentes que sofrem pela presença de sintomas atribuídos a pessoas identificadas como doentes, seja por elas mesmas e/ou por seus familiares, visando dar aos sintomas uma solução[...]”.

O tratamento familiar não é algo pré-estabelecido, estático e com definição normativa de família, este tratamento permite interpretar o sentido e finalidade dos sintomas individuais como um sinal de alerta ao grupo. A terapia familiar tem perspectivas preventivas e curativas, indicada em períodos de crise e para famílias consideradas disfuncionais. É uma nova perspectiva de compreensão das relações do individual com o meio, e esta destaca a importância da interação e da comunicação.

Assim sendo, novamente apostemos no diálogo como fonte à manutenção da saúde familiar e do convívio humano. Obrigado, um grande abraço e até a próxima.

Ref. Bibl.

GIOIELLI, Carlos Aberto. Psicoterapia Familiar: Introdução ao Tema. In: Terapia de Casal e Família: O Lugar do Terapeuta. São Paulo: Editora Brasiliense, 1992


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